Cabeçalho 1

29 de mai. de 2009

LHS tem uma dívida com os delegados. A 254 acabou

Passado o frenesi do julgamento de Luiz Henrique da Silveira, o governador vai ter que pagar uma dívida cara. Os credores são os delegados da Polícia Civil.

Deve-se aos delegados a ação direta de inconstitucionalidade que acabou com a famosa Lei Complementar 254/2003 ou, simplesmente, Lei 254. Querendo ou não, os delegados prestaram o serviço que LHS mais queria. É verdade que a ADI 4009 só foi protocolada em 24 de janeiro de 2008, portanto quase um ano antes das jornadas aprasquianas de dezembro.

Mas, pelo menos desde meados de 2006 e começo de 2007, os policiais civis (delegados e a base) e os oficiais já não queriam mais saber da Lei 254 - legislação que todos foram responsáveis. O próprio Sintrasp já havia deixado claro que a prioridade seria o plano de carreira. A bronca ficou mesmo é com a Aprasc.

Foi no dia 4 de fevereiro que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu declarar inconstitucionais trechos da lei que equiparavam vencimentos das instituições militares aos das civis. A decisão foi divulgada quase 40 dias depois que praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, e seus familiares, organizaram o movimento reivindicatório mais resoluto que os servidores da segurança pública já fizeram. Naquele momento ainda estavamo mobilizandos e incomodando o governo.

Com a ação da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, certamente sob orientação da Adepol/SC, a principal reivindicação da Aprasc estava esvaziada. E Luiz Henrique poderia respirar mais aliviado, afinal não tinha a menor intenção de cumprir a integralidade da Lei 254.

A Associação de Oficiais de Militares (Acors) tentou interferir na ADI na qualidade de "amicus curiae", tendo negado seu pedido pelo ministro Eros Grau. A intenção dos oficiais não era ajudar a chutar a frágil Lei 254, e sim evitar a irredutibilidade salarial dos militares diante das possíveis repercussões da decisão.

Tanto os oficiais quantos os praças não tiveram acesso ao teor integral da decisão, apenas o que foi publicado no site do STF. A divulgação da decisão e a publicação do acórdão ficou em standby entre 4 de fevereiro e 29 de maio, quando finalmente o Supremo publicou no Diário da Justiça Eletrônico - coincidentemente o dia seguinte do julgamento que absolveu o governador.


* CORREÇÃO às 18h19min: Onde estava escrito "Acadepol/SC" (que, na verdade, é Academia da Polícia Civil de SC), foi trocado para "Adepol/SC" (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina).

28 de mai. de 2009

Oficias na Alesc - parte 2

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Eliésio Rodrigues, passou a manhã de quinta-feira (28) na Assembléia Legislativa, ao lado de seus pares, percorrendo os corredores do Parlamento - como o dia de ontem. Hoje pode ter sido o último dia útil para os lados (oficiais, delegados, praças, policiais civis e agentes prisionais) fazerem o seu lobby antes do governo apresentar, oficialmente, o projeto plano de carreira da Polícia Civil. O prazo divulgado é 9 de junho.

Semana que vem (1º a 5 de junho) os deputados vão estar no Grande Oeste fazendo as audiências públicas do Orçamento Regionalizado.

27 de mai. de 2009

Oficialato na Alesc

O alto comando da Polícia Militar acaba de chegar na Assembléia Legislativa e está conversando com o presidente da Casa, deputado Jorginho Mello, a portas fechadas. O tema tem a ver com o anteprojeto do plano de carreira dos policiais civis. Além do comandante geral, coronel Eliésio Rodrigues, e do subcomandante, coronel Luiz da Silva Maciel, estavam presentes: coronel Luiz Roberto de Quadro e tenente-coronel Ivon Jomir de Souza, chefe e ex-chefe, respectivamente, da Casa Militar da Alesc; o major Renato José de Souza, ex-ajudante-de-ordens do governador e atualmente cumprindo expediente na Alesc; e integrantes do Estado Maior.

26 de mai. de 2009

Oficiais da PM com os nervos à flor da pele

Os oficiais da Polícia Militar estão em polvorosa. Melhor, estão p*** da cara mesmo. Alguns acham que estão até fazendo papel de "bobos". Falam também em "angústia".

Sentem-se traídos, enganados e vilipendiados pelo governador Luiz Henrique da Silveira. Encerrada a greve dos praças, os oficias executaram com rigor a determinação de LHS de punir os grevistas. Milhares de processos administrativos e inquéritos militares foram instaurados. Pelo menos 50 conselhos de disciplinas - expediente sumário para expulsão dos quadros da instituição - foram abertos. E, até agora, dois policiais militares foram expulsos. Um ganhou o direito de recorrer.

A motivação é uma só: dinheiro. E a insatisfação tem duas causas.

(Antes de seguir a diante é preciso lembrar: o governador e o secretário da Segurança Pública afirmaram, em janeiro, que 2009 seria o ano dos servidores da área.)

Vamos às causas do chilique.

Primeiro, e não menos importante, o governador fez aprovar, agora em maio, projeto que concede reajuste diferenciado aos fiscais da Fazenda que contribuírem com o aumento da receita.

Segundo, e mais importante, desde meados do ano passado, o governo negocia, secretamente, o plano de carreira dos policiais civis, em especial, dos delegados. As vantagens para esse setor tendem a ser grandes. Vai ser uma lavada em relação às vantagens recebidas pelos oficiais, que sempre almejaram paridade salarial com os delegados - e nunca conseguiram.

Na iminência, mais uma vez, de ficar para trás, os oficiais estão empacando o plano de carreira. Eles ocupam postos chaves na administração do Estado: são responsáveis pela segurança, agenda e transporte do governador e dos presidentes da Assembléia Legislativa e Tribunal de Justiça. Em resumo, estão em contato permanente com o poder. Passeiam com desenvolturam pelas prefeituras, secretarias e câmara municipais. Portanto, não aceitam receber menos que os delegados.

O chefe da Casa Militar, João Luiz Botelho, teve papel de destaque. Impediu o avanço do projeto.

Em carta, a presidente da Adepol-SC, Sonêa Ventura Neves, denunciou a intervenção do oficialato. É um desabafo, um texto importante para conhecer a história recente da segurança pública em Santa Catarina. Ela chegou a escrever que "quem determina o encaminhamento de qualquer projeto que diga respeito à polícia civil para a Assembléia Legislativa nesta administração, não é mais o governador, mas a Polícia Militar com seus oficiais".

E concluiu: "o nosso plano de carreira, prometido pelo governador desde o final de 2005, início de 2006, novamente foi barrado pelos oficias da PM".

O Sintrasp (sindicato da base dos policiais civis) distribuiu nota no mesmo tom: "os oficiais da PM não concordam e não admitem a concessão de qualquer benefício para a Polícia Civil, sem que eles sejam também atendidos nos seus pleitos, ainda que muitas dessas vantagens eles já percebam há muito tempo".

O clima de guerra entre as duas principais instituições da segurança pública do Estado foi instalado. Os coronéis Eliésio Rodrigues e João Botelho, comandante geral da PM e chefe da Casa Militar do Executivo, respectivamente, colocaram seus cargos a disposição. Daí se depreende duas análises. Primeiro, deixar o governo a vontade para negociar com os delegados e os policiais civis. E, segundo, pressionar o governo a atender o pleito do oficialato e, quem sabe um dia, dos praças.

Na manhã de terça-feira 26, os oficiais mais graduados se reuniram, reservadamente, no Quartel do Comando Geral. Ninguém sabe ao certo o que foi tratado - certamente algo que não pode ser publicado. O começo da semana também contou com a peregrinação dos oficiais pelos corredores da Assembléia Legislativa.

Há oficiais que, agora e somente agora, propõe unidade dos servidores da segurança pública: Acors, Aprasc, Adepol e Sintrasp.

O anteprojeto do plano de carreira, garantem os representantes classistas, está na mão dos deputados da base aliada ao governo, apesar de ainda não ter dado entrada oficialmente na Casa.

A Aprasc está sendo boicotada nesse enredo todo. Não tem, até agora, acesso ao projeto oficial, mas já deixou claro que apóia as conquistas da base da Civil. Só não vai aceitar a discriminação entre praças e oficiais.

Nada sobre o julgamento

A reunião-jantar do presidente da Assembléia Legislativa com os outros 39 deputados não tratou do julgamento do governador Luiz Henrique da Silveira e a postura dos parlamentares - como era esperado. O assunto mais importante abordado na Churrascaria Meu Cantinho foi a previdência especial dos deputados.

Dizem que o vinho estava bom.

25 de mai. de 2009

Capital x trabalho

Presidente do Diretório Municipal de Florianópolis e integrante da Executiva Estadual do PDT, o delegado regional do Ministério do Trabalho, Luis Viegas, tem o sonho de filiar o empresário Alcantaro Corrêa, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

O relato do trabalhista foi feito durante o Encontro Estadual do partido, em Itá (Oeste do Estado). Ele comemorou ainda a filiação dos empresários da construção civil José Pagani e Nazareno Cândio - agora presidente e vice da comissão provisória da sigla em Palhoça.

21 de mai. de 2009

Bancada do PP com fome


No dia do anúncio oficial da data do julgamento em que a coligação "Salve Santa Catarina" (PP/PMN/PV/PRONA) pede a cassação do registro do diploma do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), a bancada do Partido Progressista almoçou no gabinete da liderança. Como convidados, Esperidião Amin e Gley Sagaz - os dois catarinenses mais interessados no assunto.

Veja que o advogado Sagaz está prestes a dar uma 'garfada'. Seria na salada tropical ou no mandato de LHS? Indicado pela seta, um detalhe interessante. A foto da principal liderança do PP mais parece aqueles retratos do presidente da República em repartições públicas.

Foto: Solon Soares / Divulgação Alesc [clique para ampliar]

20 de mai. de 2009

Termina a greve dos motoristas e cobradores

Acabei de ficar sabendo, por um diretor do Sintraturb, que a greve dos trabalhadores do transporte, motoristas e cobradores, da Grande Florianópolis terminou. A categoria resolveu recuar por entender que não há condições políticas de continuar e também para não atrapalhar o dissídio junto à Justiça do Trabalho.

A atitude do Ministério Público do Trabalho, que entrou com ação judicial pedindo o fim da paralisação total, também foi preponderante, segundo o diretor.

Os trabalhadores permanecem em "estado de greve", e pode haver surpresas no curto prazo. As negociações também continuam. Os ônibus estarão na rua a partir das 18h30min.

O trem da Assembléia

A Mesa Diretora da Assembléia convocou a imprensa para anunciar um plano de trabalho com cinco temas prioritários: (1) BR-101; (2) BR-470; (3) rodovia translitorânea; (4) ferrovia do frango; e (5) pacote de revitalização econômica.

A exemplo do Código Ambiental, a idéia é que a direção da Casa trabalhe, em consenso, para mobilizar os deputados e a sociedade, através das audiências públicas, e agilizar os trabalhos das comissões permanentes e fóruns específicos. "A Mesa Diretora vai puxar o vagão das comissões de mérito, vai ajudar a puxar e destravar as pautas", descreveu o presidente Jorginho Mello (PSDB).

O próprio terceiro-secretário Valmir Comin (PP) reconheceu que a Casa tem muitos fóruns que "acabam se perdendo e se esvaziando". Devem ser vagões que descarrilharam no caminho...

Em resumo, os deputados vão ter que entrar nos trilhos para o trem da Assembléia começar a se movimentar.

O retrato dos presidiários: jovem, analfabeto, reincidente e ladrão

Jovem, urbano, com baixíssima escolaridade, reincidente, com mais de uma condenação e ladrão. Esse é o perfil médio dos internos da Penitenciária Industrial de Joinville.

O retrato foi apresentado na Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa pelo deputado Kennedy Nunes (PP) a partir de pesquisa feita por iniciativa do diretor da penitenciária, Richard Harrison.

Na ánalise do deputado, os números mostram que o presidiário é o jovem usuário de drogas (65,2% entre 18 e 29 anos), que rouba para comprar, cometendo o chamado crime contra o patrimônio. Outra observação é que o sistema não recupera ninguém, tanto que a maioria é reincidente.

Apesar de se referir a apenas uma unidade prisionar, o perfil pode se encaixar perfeitamente em outras penitenciárias, presídios e cadeias.

Os integrantes da comissão decidiram encaminhar pedido ao governo para submeter a pesquisa em todas unidades do Estado a fim de traçar políticas públicas mais próximas da realidade.


Confira a pesquisa "Perfil dos Internos da Penitenciária Industrial de Joinville

Grau de instrução
Analfabeto: 02%
Alfabetizado: 03%
Fundamental incompleto: 63%
Fundamental completo: 12%
Médio incompleto: 10%
Superior incompleto: 02%
Superior completo: 0%

Reincidência
Primário: 17%
Primário com mais de uma condenação: 39%
Reincidente: 44%

Procedência
Área urbana: 84%
Área rural: 16%

Faixa etária
18 a 24 anos: 35,5%
25 a 29 anos: 29,7%
30 a 34 anos: 13,6%
35 a 45 anos: 15,3%
46 a 60 anos: 6,4%

Crimes por espécie
Contra a pessoa: 9,7%
Contra o patrimônio: 58%
contra os costumes: 9,1%
Tráfico de entorpecentes: 18%

Um corpo estranho na greve dos motoristas

José Ricardo Toscan de Freitas, mais conhecido como Ricardo Freitas, é apontado como assessor político do Sintraturb. Ele não é cobrador, nem motorista, portanto não é diretor do sindicato, mas é quem dirige a greve, concede entrevistas e fala em nome da categoria. É, de fato, a liderança política dos motoristas e cobradores.

Ex-bancário, o líder terceirizado já foi candidato a vereador da Capital pelo PT, em 2000, e recebeu 1.362 votos. Pelo menos desde essa época, ele já respondia como assessor do antigo Sindmoc. Já foi também representante dos trabalhadores no Conselho Municipal de Transporte (CMT).

Qualificado, Freitas tem curso superior e certamente está numa etapa acadêmica mais elevada que a maioria dos cobradores e motoristas. Como assessor, deveria contribuir politicamente com os diretores, de forma pedagógica, e não tomar o lugar deles.

Cesar Valente escreveu sobre a relação muito esquisita entre a greve e os patrões. Por ora, deixo essa parte com os adeptos da teoria da conspiração. Estranho mesmo é a influência que Ricardo Freitas exerce no sindicato.

16 de mai. de 2009

A farra do boi

Enquanto começava o mega-show do Roberto Carlos, tive a impressão que a cidade estava em polvorosa, pelo menos ali na região conhecida como Grande Trindade.

Estava caminhando próximo da rótula da Carvoeira, na entrada da UFSC, quando um motoqueiro nos parou, eu e uma amiga, avisando que um boi bravo estava se aproximando. De súbito, não entendi direito o alerta... só fui entender o que estava acontecendo quando vi um boi grande e chifrudo, vindo em nossa direção. A reação imediata foi atravessar a rua para que o animal encontrasse os carros como obstáculos se viesse em nossa direção - até porque ali não tem casas para pular o muro, só o alambrado da universidade.

Passado o susto, começamos a nos perguntar de onde viria o boi, se era uma farra ou apenas mais um espertalhão que pulou as cercas das mangueiras no Pantanal. Mais tarde a suspeita se confirmou. Perguntei para um guri, que estava próximo do HU procurando pelo boi, de onde surgiu o chifrudo. Era para ser uma farra no morro do Pantanal, mas os farristas não esperavam que o animal fosse descer até o asfalto.

A Polícia Militar, a Guarda Municipal e a Segurança da UFSC, avisados, estavam mais perdidos que o boi. Não sabiam para que direção seguir.

E daí !?

A farra, o chifrudo bravo solto e a polícia perdida me fez pensar como a cidade está especialmente abandonada hoje ...

Aceite-se ou não, a farra do boi é condenada pelas autoridades e reprimida pela Polícia. Certamente, o dia de hoje foi escolhido pelos farristas porque é quando a gente vai encontrar menos policial na rua. É o dia perfeito para se cometer um crime, um assalto, por exemplo, porque todo o policiamento está voltado para o show do Roberto Carlos (600 homens) e para o WTTC (mais de 1000 policiais). Quer dizer, não tem efetivo para as ocorrências convencionais porque foi tudo empregado nos eventos da RBS.

Enfim, quem não tem dinheiro para participar do congresso mundial de turismo ou paciência para assistir o Rei, melhor ficar em casa. É mais seguro.

8 de mai. de 2009

A PM e os ambientalistas

Retirado do blog Vera Maria Eco Floripa:

Terça-feira, 5 de Maio de 2009
Manifestação contra o Código (Anti)Ambiental reprimida por tropa de elite

Participamos de manifestação contra o Código (Anti)Ambiental hoje, cinco de maio, uma passeata organizada por estudantes do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, em caminhada desde ao campus até a casa do governador.

A manifestação era pacífica e silenciosa. Ocupávamos duas pistas da av. Beira Mar Norte, os automóveis passavam na terceira, tranquilamente, e muitos motoristas buzinavam em sinal de aprovação. Os estudantes levavam seus banners, confeccionados com papel pardo, mas tinham combinado de não cantar refrões nem palavras de ordem.

Já perto do supermercado Angeloni, fomos cercados primeiro pela guarda de trânsito, depois, por policiais do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT). Gente, somos importantes, a elite da Polícia Militar de Santa Catarina! Os militares começaram a empurrar os estudantes (e nós também) para a calçada, com grosseria. Alguns seguravam metralhadora, outros ameaçavam usar cassetetes e gás de pimenta, em caso de desobediência às ordens.

Um dos estudantes foi atingido pelo gás e vários incidentes quase se converteram em um confronto maior, não fossem as insistentes conversas diplomáticas dos líderes. Porém, os militares se negaram a ler a autorização dada à passeata, que os jovens tinham em mãos.

Incrível, mas fomos reprimidos, na avenida Beira Mar, pela tropa de elite! Se eu não estivesse lá não teria acreditado na grosseria e truculência desses militares contra uma manifestação pacífica, de interesse de todos os catarinenses. Até tentamos convencê-los de que o tema interessava a eles também (logo eles, que reclamam do governador por melhores salários!).

A repressão mudou o ânimo dos estudantes. Quietos até então, eles começaram a cantar refrões contra o governador. E assim, fomos caminhando até a Casa da Agronômica, escoltados pela tropa, com um carro da patrulha à frente e outro atrás de nós. Os buzinaços não paravam, o povo nos apoiava.

O governador estava em casa, mas se negou a receber qualquer manifestante, nem um grupo de dez, nem de cinco, nem um só. Os jovens queriam lhe entregar um manifesto, mas o chefe do executivo mandou dizer que quem quisesse falar com ele deveria marcar audiência lá no Centro Administrativo, que é onde sua excelência recebe as pessoas.

Os banners foram colados com fita adesiva no muro da casa ocupada por sua excelência - cujo aluguel é pago por nós. Os jovens receberam autorização para deixar os cartazes por pouco tempo, o suficiente apenas para registrar o ato em fotos, retirando-os em seguida. Autorização dada, eles recomeçaram a empurrar e a ordenar, inclusive para mim, "e agora saia daqui" [da frente dos portões], com a mesma truculência de antes.

Enquanto isso, o inquilino da ilustre Casa tinha acabado de decretar algumas medidas emergenciais para salvar os agricultores do Oeste catarinense, apavorados com os prejuízos da safra, provocados pela estiagem prolongada. Entre as medidas, estão a isenção de taxa para quem quiser cavar poços artesianos, e o envio de caminhões-pipa com água (retirada de onde?), com a recomendação de que os agricultores captem água da chuva, de agora em diante, para regar suas plantações. Captar como, se não chove? No entanto, desmatar encostas e beiras de rios pode!

Vera Maria Flesch, jornalista

A noite mais fria no assentamento do MST




Assentamento 25 de Maio, Santa Terezinha, Alto Vale do Itajaí, no dia mais frio do ano, entre 3 e 5º C

5 de mai. de 2009

Ideli: acarranda rumo ao Centro Administrativo

O Hotel Himmelblau, em Blumenau, pode ser considerado a linha de largada da senadora Ideli Salvatti (PT) para a corrida de 2010, durante evento de prestação de contas da família Lima (os petistas Décio e Ana Paula). O evento, que era para ser uma avaliação dos mandatos do deputado federal e da deputada estadual do Médio Vale do Itajaí, se transformou em um verdadeiro comício de campanha ao governo do Estado. Foi pequeno, porém significativo, dada a presença de algumas dezenas de prefeitos, vices e vereadores do PT e partidos aliados, além de sindicalistas, empresários e imprensa.

Cláudio Vignatti (PT), deputado federal e pré-candidato do partido ao Senado, também estava presente. Fez o discurso mais entusiasmado. Em campanha, elogiou o governo Lula, falou que o povo brasileiro está mais feliz e criticou o governo do Estado. Segundo ele, o maior erro dos petistas foi autorizar o repasse dos recursos federais direto para o governo estadual ao invés de mandar diretamente aos administradores municipais. Aliás, o assunto foi destaque também dos outros oradores. Ideli jogou a responsabilidade da demora em liberar os recursos na incompetência de prefeitos ligados à Luiz Henrique da Silveira.

Ficou claro, no discurso da senadora, que seu eixo de campanha vai ser as obras do PAC em Santa Catarina. Ela também deixou escapar que o cargo de vice pode ser ocupado por algum empresário da região do Médio Vale do Itajaí ou Joinville, um setor e duas regiões que o PT pretende prestigiar.

Para 2012, começou a se construir a chapa para a prefeitura de Blumenau, com Ana Paula Lima na cabeça. O mote vai ser a "agenda da reconstrução", que tem mobilizado o casal, a senadora e os outros parlamentares

4 de mai. de 2009

Corinthians fenomenal e invencível


Parecia que o Corinthians ia tomar um corridão, como sofreu do Atlético Paranaense, na quarta-feira passada, quando levou três gols nos primeiros 50 minutos. Naquele jogo da Copa do Brasil, o Timão conseguiu se reabilitar e diminuir a diferença para um gol.

Mano Menezes conseguiu aproveitar aquela derrota para dar uma lição aos jogadores corinthianos, e evitar uma superação do Santos no último jogo da final.

Os praianos começaram o primeiro tempo indo pra cima, tentando ferir o Corinthians. Abriu o placar, com um gol de penalti irregular, mas não conseguiu, de fato, machucar o Timão.

Como aconteceu várias vezes ao longo do campeonato, o Corinthians conseguiu reverter uma situação de desvantagem e empatar a partida com um toque de classe de Dentinho, perseguido dentro de campos pela zaga santista, e uma finalização, de bico, de André Santos, muito conhecido pela torcida do Figueirense.

Aliás, empate foi forte do Corinthians durante todo o campeonato. Na primeira fase, foram nove resultados iguais, se tornando o time que mais empatou. Também foi a defesa menos vazada. E foi um zagueiro, Chicão, que ficou com a artilharia do time. Ronaldo ficou em segundo.

Por coincidência, antes do jogo, a Band transmitiu uma entrevista com o lateral André, provavelmente feita durante a semana, na qual ele contou sua longa trajetória para chegar ao Timão. Paulista, ele viveu muitos anos em Florianópolis, onde guarda muitos amigos e histórias.

Invicto, o Corinthians foi o campeão do Campeonato Paulista, o certame mais difícil entre os estaduais do país, concorrendo contra Santos, São Caetano, Palmeiras (campeão Paulista de 2008) e São Paulo (atual campeão Brasileiro).

Ronaldo, o Fenômeno

Escrevi aqui, e felizmente estava errado, que a contratação do Ronaldo poderia ser mais uma jogada de marketing do que uma importante peça para o time de Mano. Desconfiei que seu status de celebridade poderia desestabilizar um time redondinho, que já havia ganho a Série B com primor, honra e capacidade. Escrevi ainda que o presidente Andrés Sanches estava "colocando a publicidade acima do departamento de futebol". Errei, e Andrés acertou.

Felizmente, o Fenômeno foi humilde o suficiente para frequentar todos os estádios do interior e da Capital paulista, muitos esburacados e sem estrutura, e conviver com seus colegas, alguns em início de carreira.

Enfim, foi um Corinthians fenomenal e invencível.

2 de mai. de 2009

Mais sobre a bibliteca da Alesc II

A notícia a seguir foi publicada no jornal "AL Notícias", publicação oficial da Casa. E tem mais esclarecimentos sobre o que vai ser da biblioteca da Assembléia Legislativa. A edição é de 23 de abril (nº 324).


Clique na imagem para ampliar.

Padre Pedro e a biblioteca da Alesc

Ainda sobre a situação da biblioteca da Assembléia Legislativa, recebi um e-mail do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), que é a resposta do parlamentar para um eleitor, com cópia para mim. Não publico a íntegra porque o parágrafo final é de interesse apenas do remetente e do destinatário.

O padre faz até um comentário interessante sobre a disponibilidade dos acervos de instituições públicas para todos, e não apenas para uma comunidade específica.

A propósito, escrevi aqui que a carta questionando o fim da biblioteca partiu do conhecido escritor Fábio Brüggmann. Na verdade, a origem é desconhecida, e o escritor só divulgou.


Re: É o fim da biblioteca da Alesc?
from xxxxxx @alesc.sc.gov.br
to xxxxxxxxx@yahoo.com.br
cc tupanfloripa@gmail.com
date Fri, May 1, 2009 at 9:41 PM
subject Re: É o fim da biblioteca da Alesc?

Caro Gustavo,

Assim que tomei conhecimento desta importante carta anônima publicada, fui atrás de informações oficiais. De fato, a biblioteca sairá de onde hoje se encontra, no 4º andar, e irá para o térreo, no hall de entrada. A Biblioteca da Assembleia Legislativa vai passar por um processo de modernização nos próximos meses. Além de oferecer suporte para pesquisas aos usuários através de computadores com acesso à internet e à intranet, os serviços de empréstimo e devolução também serão informatizados. Outras mudanças ainda fazem parte do projeto, entre elas a digitalização de alguns exemplares do acervo (segundo legislação), a renovação de livros e o auxílio da coordenadoria do setor aos usuários.

Porém, alertei para que não se fizesse a doação do material impresso. O livro impresso, apesar de todos os avanços da eletrônica, ainda é facilitador do acesso. Por falar nisto, não acho justo que somente deputados e funcionários possam emprestar o acervo. Assim como na UFSC,e outras universidades que conheço, a biblioteca da Assembleia não empresta para a comunidade externa, ou seja, pessoas que moram no município (ao menos) sede do órgão. Você não acha?

Portanto, Gustavo, o objetivo da reforma na biblioteca é facilitar o acesso não só dos funcionários, mas de toda a população que precise utilizá-la. Espero que, em breve, os empréstimos sejam válidos para visitantes.

(...)

Obrigado pelo registro de sua preocupação.

Cordialmente,

Padre Pedro Baldissera
deputado estadual - PT