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11 de mar. de 2009

Uma denúncia, a platéia silenciosa e a polêmica barulhenta

Por pelo menos um minuto e vinte segundos a Assembléia ficou em silêncio para ouvir a gravação do tenente-coronel Newton divulgada durante o pronunciamento de Sargento Soares. Jornalistas que estavam na sala de imprensa voltaram para perto do plenário. A deputada Ana Paula Lima (PT) saiu correndo do banheiro a tempo de assistir um trecho do vídeo. Por outro lado, o deputado Renato Hinnig (PMDB) saiu de fininho durante a reprodução do filme. Os outros peemedemistas já tinham se retirado para não reforçar a polêmica.

Sobrou para o deputado-suplente Elizeu Mattos (PMDB), seguido depois por Manoel Mota (líder do PMDB), que voltou mais tarde para o plenário, e o deputado-suplente José Natal (PSDB) fazer a defesa de Dário. Ao lado de Soares, se manifestaram Kennedy Nunes, Joares Ponticelli, que apresentou outro vídeo denúncia, e Silvio Dreveck (líder), todos do PP.

Depois de esgotar todos os espaços, o debate se estendeu para o microfone de apartes que, em tese, não servem para discutir o mérito das questões. De um em um minuto, os deputados defenderam suas teses com a complacência da Presidência da Mesa, ora ocupada pela peemedebista Ada de Luca. Houve questionamento das condutas e esclarecimentos pelos técnicos - e uma rusga entre Soares e a presidente.

Na verdade, os governistas confundiram o alvo da denúncia. Enquanto o sargento queria mostrar sua desaprovação com a atitude do ex-major, os deputados do PMDB viam na denúncia um ataque ao prefeito Dário Berger. Mais: viam uma tentativa de impugnar o seu mandato, como o PP fez com o mandato de Luiz Henrique. Soares esclareceu, ajudado pelo Professor Grando (PPS), prometeu retomar a polêmica no dia seguinte e ainda reclamou da posição dos governistas.:“É interessante que no Brasil quem denuncia é que acaba sendo investigado, e não o denunciado”. "Como acontece na PM", emendou.

Mais um escândalo na Polícia Militar

O coronel Marlon Teza, presidente da Acors (associação de oficiais), tem mais um concorrente para o posto de comando geral da Polícia Militar de Santa Catarina. Além do coronel João Botelho, chefe da Casa Militar do Executivo, ele vai ter que encarar o midiático tenente-coronel Newton Ramlow, comandante do 4º Batalhão da PM (Florianópolis).

Em vídeo divulgado pelo deputado Sargento Soares, diretamente do Plenário, o ex-major assume sua condição de pré-candidato a comandante geral da PM, em um futuro e (im)provável governo de Dário Berger, é claro.

Essa declaração, e outra perólas, em especial o pedido de voto descarado para o prefeito de Florianópolis, em pleno quartel, diante de seus subordinados, tornou-se pública hoje e gerou um intenso debate na Assembléia Legislativa.

O jornalista Cesar Valente considerou a denúncia umas das mais graves dos últimos tempos. Pode ser. Digo mais: é mais uma denúncia que afeta a segurança pública no Estado, e mais precisamente a Polícia Militar, dentro de incontáveis escândalos da área nos últimos seis anos do governo Luiz Henrique da Silveira. Como o caso em que a cúpula da segurança estadual foi abordada por uma força tarefa do Ministério Público e da Polícia em um puteiro de Joinville; e as fugas cinematográficas no Cadeião do Estreito.

Teza, que está para assumir a Corregedoria da PM por seu perfil linha dura, vai encontrar um candidato, que apesar da força midiática, parece que acaba de perder uma oportunidade de ficar calado e disputar o comando em igualdade com outros pretendentes. Agora é um candidato natimorto.