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26 de out. de 2009

O caso (mal resolvido) do delegado de Imbituba

O caso do delegado em Imbituba não pode ser considerado isolado, muito menos distante da briga entre as instituições militar e civil.

Pelo menos desde 2007, a Polícia Militar já vinha atuando para tirar o delegado da cidade. Um abaixo-assinado foi confeccionado e recebeu 55 assinaturas entre os 61 militares do município, na época. O documento denunciava o abuso de autoridade e a perseguição promovidas pelo delegado César Augusto Cardoso Reynaud contra PMs.

O ponto alto da divergência com os militares começou em agosto de 2007, quando o filho do delegado foi preso em uma ocorrência por uma guarnição da PM, que resistiu à prisão e ameaçou os militares. A partir do incidente, o delegado Reynaud passou a não receber mais ocorrências atendidas por militares, na delegacia de Imbituba. A condição de trabalho dos PMs ficou insustentável. De acordo com os praças de Imbituba, se eles prendiam um suspeito, o delegado agia contra os militares.

De acordo com informação dos policiais militares, dois comandantes oficiais foram transferidos da cidade por causa das perseguições, além disso, o delegado não cumpria os mandados emitidos pelo Poder Judiciário, que recorria à Polícia Militar para efetuar buscas e apreensões.

Insegurança e desrespeito

Em uma audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores, antes do processo eleitoral de 2006, o comportamento do delegado foi tema de discussão e gerou polêmica. A comunidade pedia providências em relação a Reynaud, que era alvo de denúncias desde aquela época, e causava uma sensação de insegurança no município.

O Poder Judiciário (duas juízas e um promotor) também apresentaram suas críticas ao comportamento de Reynaud. “A cidade parecia um vulcão prestes a explodir”, relatou a juíza Mônica Elias De Lucca Pasold para a representação da Comissão de Segurança Pública da Alesc, que esteve na cidade em setembro de 2007 para averiguar as denúncias.

O prefeito José Roberto Martins (PSDB) e a vice-prefeita da época Lea de Oliveira Lopes (DEM) também estavam incomodados com a presença do delegado. Beto, como é conhecido o prefeito, trabalhou nos bastidores para afastar Reynaud.

A juíza Mônica De Lucca chegou ainda a entrar em contato com o secretário de Estado de Segurança Pública, Ronaldo Benedet, que, segundo ela, é padrinho político do delegado, para marcar uma audiência, mas não conseguiu contato. “O secretário me enrolou durante uns dois meses até que desisti. Foi um grande desrespeito”, afirmou.

Mesmo com a insistência de tantas autoridades, a Secretaria da Segurança Pública e, em especial, a Polícia Civil não tomaram as atitudes adequadas para se resolver a situação, deixando margem para o conflito chegar ao ponto que está e prejudicando, principalmente, a segurança em Imbituba.