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30 de set. de 2011

Justiça em movimento: jornalistas do TRT lançam reportagens sobre trabalho

Texto: Rachel Moysés

A primeira Conferência Nacional de Comunicação deixou claro que um dos caminhos para a democratização da comunicação no nosso país é o fortalecimento da comunicação pública em todos os níveis. Só com investimentos do Estado será possível produzir conteúdos de interesse público em contraposição à produção dos grandes grupos privados.

Nos últimos anos, em razão de uma cobrança cada vez maior da sociedade por transparência dos poderes públicos, a área de comunicação estatal, ligada a órgãos federais, estaduais e municipais dos três poderes tem crescido e se profissionalizado. Exemplos disso são a TV Senado, TV Câmara, TV Justiça e mais recentemente a rede pública da TV Brasil. Além de um mercado de trabalho importante para os jornalistas com empregos de qualidade superior aos oferecidos pelas empresas privadas, o crescimento do setor é fundamental para quebrar a hegemonia ideológica dos grandes conglomerados ligados à indústria da (des)informação.

Um exemplo de produção de conteúdos críticos é o programa “Justiça em Movimento” produzido pelos jornalistas do TRT catarinense, Caio Teixeira, Letícia Cemin e Vanderlei Ricken cujas primeiras 12 reportagens, já veiculadas por mais de uma dezena de emissoras de TV, tem como foco as relações de trabalho no “chão da fábrica”, a partir de uma abordagem praticamente inexistente nos meios de comunicação privados. Uma caixa com 12 DVDs foi  lançada no dia 28,  reunindo reportagens feitas ao longo de 3 anos,  mostrando a realidade das relações de trabalho em diversas categorias de trabalhadores. O trabalho tem recebido elogios dos sindicatos de trabalhadores e já foi até mesmo utilizado como prova em ações trabalhistas para convencimento de juízes. O programa, aliás, foi distribuído pelo TRT a todos os juízes do trabalho de Santa Catarina e é utilizado com frequência por universidades e em debates sobre a realidade no mundo do trabalho.

Segundo Caio Teixeira, diretor do programa, o objetivo da equipe é mostrar a realidade das relações de trabalho das inúmeras categorias de trabalhadores a quem muitas vezes só a conhece por relatos manipulados pela grande mídia ou nas páginas dos processos. Para ele, os elogios de pessoas como Vito Gianotti, do NPC ou Giovani Alves, da UNICAMP, mostram que o trabalho está no caminho certo e que é possível fazer jornalismo sério num tema tão polêmico como relações de trabalho num mundo capitalista. No entanto, conclui ele, o mais importante é que todos os sindicatos das categorias objeto de reportagens se surpreendem sempre favoravelmente com o material produzido.

Informação jornalística a serviço da formação

Desde o ano passado, o Justiça em Movimento passou a integrar o projeto “Além das Imagens”, em conjunto com a Escola Judicial do TRT que consiste em reunir personagens das reportagens que, após a exibição do programa, debatem o tema com o público presente e ao vivo pela internet.

Para marcar o lançamento da coleção, foi realizada mais uma edição do Além das Imagens, com a realidade dos trabalhadores da indústria têxtil. A atividade começou com a apresentação do programa gravado em Blumenau, o maior pólo do gênero da América Latina. Logo após houve debate com presidentes de sindicatos, representantes patronais, um juiz e um procurador do trabalho.

Os 300 exemplares da caixa com os DVDs serão distribuídos a faculdades de direito, varas do trabalho do estado, TST, CSJT, TRTs de todo o país, Ministério Público do Trabalho, OAB, entre outras entidades.

O programa também pode ser assistido na página do TRT ou no canal youtube do TRT.

Conteúdo dos DVDs:

1- Turismo e relações de trabalho, construção civil e profissionais do sexo (blocos 1, 2 e 3)
2- Minas de carvão: o trabalho no subsolo (blocos 1, 2 e 3)
3- O trabalho em frigoríficos (blocos 1, 2 e 3)
4- Terceirização na atividade-fim e trabalho temporário (blocos 1, 2 e 3)
5- Os integrados na agroindústria (blocos 1, 2 e 3)
6- Telemarketing: o outro lado da linha (blocos 1, 2 e 3)
7- Profissão: comerciário (blocos 1, 2 e 3)
8- Fábricas ocupadas pelos trabalhadores (blocos 1, 2 e 3)
9- Metalurgia: de arte a processo industrial (blocos 1, 2 e 3)
10- Trabalho na Indústria Têxtil (blocos 1, 2 e 3)
11- Os trabalhadores portuários (blocos 1, 2 e 3)
12- Cristaleiros: o valor do trabalho manual (blocos 1, 2 e 3)