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31 de jul. de 2008

Dário faz autocrítica mas esquece o que falou

Ontem (30/07), o prefeito Dário Berger (PMDB), candidato à reeleição, fez uma autocrítica de seus três anos e meio de governo na Rádio Guarujá, que promove uma série de entrevistas com os postulantes à Prefeitura de Florianópolis. Falou que, se pudesse voltar atrás, não agiria com tanta contudência contra os estudantes no último grande protesto do Movimento Passe Livre, que ocorreu entre o final de maio e começo de junho de 2005.

Na época, quase três dezenas de estudantes foram presos. Muita bala de borracha foi consumida. PMs foram deslocados de várias cidades do Estado para garantir que os acessos principais da cidade, principalmente as pontes, não fossem fechadas.

A repressão aos estudantes foi conduzida pelo comando da Polícia Militar, que responde ao governador do Estado, e não ao prefeito da Capital. Recém eleito, Dário certamente teve grande influência no uso máximo da força policial. Se não autorizou, pelo menos apoiou e agradeceu. Em menos de seis meses de governo, o ex-tucano e aliado de primeira hora do governador Luiz Henrique (PMDB) não poderia demonstrar fraqueza.

Para o jornal "Folha de SP", o prefeito declarou, em 02/06/2005, que a "polícia não bate em ninguém de graça" ao rebater as acusações dos movimentos estudantis de que há uma repressão truculenta da PM em relação aos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus. "Mas eles estão armados com pedras. Eles provocam."

Para que ninguém esqueça, publico as frases do prefeito, retiradas do "Diário Catarinense", sobre o episódio, também de 02/06/2005:

Pontes
- Enquanto eu for prefeito de Florianópolis ninguém fecha as pontes. Não vou permitir que a desordem e a anarquia tomem conta da cidade. O cidadão tem que ter o direito de ir e vir garantidos. Não sou nenhum "bocó". Ninguém vai fazer "xixi" na minha perna e rir na minha cara.

Ação da Polícia
- Eu mesmo fui conversar com o governador Luiz Henrique da Silveira sobre a situação, que precisa ser combatida de forma enérgica. Nenhum policial bate por livre e espontânea vontade em alguém. Mas não concordo com atos de truculência.

O aumento da tarifa
- Mais um fato da "herança" que recebemos da administração anterior. Não posso fazer nada. O aumento foi autorizado pela Justiça. O estudante até pode descumprir uma ordem, eu como prefeito não posso descumprir.

Insegurança
- Preocupa-me o caos. O país enfrenta uma onda de crise de autoridade. Todo mundo fecha rua. A autoridade constituída não toma a atitude que precisa. Democracia não é isso. Outros movimentos como dos funcionários da Previdência, da Saúde podem se juntar aos estudantes.

"Pedras"
- Um movimento político e ideológico. Existem crianças e adolescentes entre os manifestantes, que nem sabem o que realmente estão fazendo. Não sou contra a manifestação ordeira e pacífica. Mas existem locais para serem feitos, como na frente de prédios como da prefeitura, do Palácio do Governo. Não posso me submeter a um capricho. Sabe-se que estudantes carregam pedras dentro das mochilas.

Durante protesto semelhante, em 2004, ainda no governo de Angela Amin (PP), a Polícia não usou a mesma força. Os estudantes fecharam a ponte, caminharam pela Beira Mar e obstruíram o Ticen, sendo apenas observados pelos policiais.

Próximo post, fotos das manifestações. Porque recordar é viver.