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9 de mai. de 2012

Briga entre corporações de bombeiros tem motivação eleitoral

Da esquerda para a direita, Matos e Saretta em defesa dos voluntários na CCJ
(Crédito: Eduardo Guedes de Oliveira / Alesc)

Para além da disputa ideológica e de atribuições, a briga na Assembleia Legislativa envolvendo os bombeiros militares e voluntários tem um pano de fundo muito mais relevante para os parlamentares. Trata-se da disputa política-eleitoral, tanto para a situação como para a oposição.

A dança de cadeiras operada na reunião da Comissão de Constituição e Justiça, na manhã em que foi votada a admissibilidade da PEC que dá poder de polícia aos voluntários, trocando deputados titulares contrários à proposta e colocando outros favoráveis, evidencia o interesse eleitoral na disputa.

Principal defensor dos bombeiros voluntários e pré-candidato a prefeito de Joinville pelo PSD, o deputado Darci de Matos substituiu na CCJ o deputado José Nei Ascari, seu colega de partido. Ascari preferiu se abster de votar para não confrontar seu ex-chefe, o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, já que ele considerava a PEC inconstitucional. Por outro lado, foi uma forma de criar palanque e prestigiar o candidato do PSD em Joinville.

Pela oposição, foi operada a saída do deputado Volnei Morastoni (PT), que já havia se declarado contra a PEC no dia 6 de março, quando o deputado Sargento Soares apresentou parecer contrário à admissibilidade. No lugar de Morastoni, entrou o também petista Neodi Saretta, ex-prefeito de Concórdia e também um dos principais defensores dos bombeiros voluntários.

Do ponto de vista eleitoral, para Morastoni não faria diferença alguma votar contra ou a favor da PEC na CCJ. Mas, no caso do deputado Saretta, a participação na comissão e a militância a favor da PEC traria benefícios importantes para o petista em sua base eleitoral de Concórdia. Foi um cálculo muito bem elaborado pelo PT.

Apesar de respaldo regimental, a mudança casuística é questionável.

O deputado Dóia Guglielmi, do PSDB, por algum motivo também preferiu a abstenção na votação pela admissibilidade da PEC na CCJ. Enquanto os deputados votavam, Guglielmi  foi tomar um café no boteco em frente à Assembleia.