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2 de mar. de 2010

Deputados contestam avanços na segurança pública

O deputado Antônio Aguiar deve ter se arrependido de fazer o balanço positivo da segurança pública na Era Luiz Henrique da Silveira. O tema é o calcanhar-de aquiles do governo. De certo, fez o discurso apenas por uma imposição do cargo, líder do PMDB - partido do governador e do secretário da segurança.

Após seu pronunciamento, ele recebeu uma saraivada de críticas de oposicionistas, de diferentes partidos.

Pedro Uczai (PT) citou as fugas constantes de presos que aparecem nas manchetes de jornais e a insegurança enfrentada pelos próprios funcionários que trabalham nas penitenciárias. Ele criticou ainda o fato do secretário Ronaldo Benedet não comparecer à Assembleia Legislativa para fazer um debate e prestação de contas aos parlamentares. "Ele foge", acusou o petista. "Segurança pública não é prioridade em Santa Catarina".

O pedido de aberta de CPI para investigar denúncias de tortura no sistema prisional também foi lembrado por Uczai. Encabeçado pelo petista, o requerimento se encontra na Comissão de Constituição e Justiça a fim de se analisar a legalidade da retirada da assinatura de dois deputados.

Depois de conseguir as 14 assinaturas para abrir a CPI, o governo conseguiu fazer dois parlamentares optarem por retirar seus nomes, quando descobriu que a investigação poderia se enveredar para todos os aspectos da segurança pública, e se transformar na "CPI do Juízo Final".

Em seguida, o deputado-policial Sargento Amauri Soares (PDT) pediu dignidade aos funcionários do sistema. Desde maio de 2007, ele tem falado que os números da criminalidade, apesar de uma redução nos primeiros anos do governo, tende a aumentar. Entre os motivos, segundo o deputado, estão os salário e as condições de trabalho dos agentes. “Se não respeitar os servidores da segurança pública, está prejudicada a segurança da população, e esse governo tem humilhado, maltratado e desrespeitado os compromissos”, afirmou.

Onde fica essa Santa Catarina?

Debochado, o deputado-jornalista Kennedy Nunes (PP) fez uma análise, digamos, semiótica, dos problemas da segurança pública. Citando o caso do policial civil de Paulo Lopes, que afirmou engavetar todos os boletins de ocorrência, o deputado afirmou que os índices de criminalidades diminuíram porque a sociedade parou de registrar as ocorrências que sofre. "O cidadão por não ter a resposta da polícia investigativa não vai fazer o registro, e a central em Florianópolis, onde fica o político xerifão, vai começar a dizer que a criminalidade diminuiu. Porque de nada adianta.", argumentou.

"Governador Luiz Henrique, ou estão enganando o senhor muito bem, aliás, não é de hoje que estão enganando o senhor muito bem, ou nós estamos querendo saber onde é que fica essa Santa Catarina dos deputados governistas. Porque a minha não é", discursou.

Segundo o pepebista, só em Florianópolis são mais de 50 mil boletins de ocorrência sem solução.

Para contrapor, o deputado Dado Cherem (PSDB) tentou, em vão, amenizar as críticas, transferindo a culpa para a televisão e fazendo uma análise, digamos, mais social: "é um problema de todo o mundo e tem uma raiz muito mais profunda".

Ele responsabilizou quem tem o poder de formação e informação. Chegou a criticar o BBB e as novelas, que "criam um caldo cultural e levam à criminalidade". "Cadê o controle e a responsabilidade social de quem educa?", questionou.

Fotos: Miriam Zommer e Carlos Kilian / Divulgação Alesc