Faz mais de um ano que escrevi aqui que quando um coronel assume o Comando da Polícia Militar, no dia seguinte os outros coronéis começam uma campanha incessante para derrubar o comandante-geral recém empossado. Com o coronel Eliésio Rodrigues não é diferente, apesar de ele ser o que mais tempo ficou no cargo durante a Era Luiz Henrique da Silveira (PMDB).
As notícias recentes das trapalhadas do coronel Eliésio são provas dessas vontades, por vezes abertas e muitas vezes ocultas. Primeiro, ele assinou portaria para confeccionar cinta de ouro para os oficias e de prata para os praças. Somente alguém mal intencionado para apresentar tal proposição ao comandante.
Depois fez um discurso durante formatura do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, na Academia Militar da Trindade, que pegou mal para os formandos, pois era uma cerimônia festiva, para a Polícia Civil, que recebeu críticas veladas, e para Aprasc e o deputado Sargento Soares. Foi preciso o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Benedet, contemporizar e acalmar os ânimos da tropa perfilada.
Nada de novo
A Aprasc já vem pedindo a cabeça do comandate Eliésio desde que ele tomou posse. Sua investidura foi a primeira demonstração do governo Luiz Henrique de que o tempo de "amiguinhos" já tinha se esgotado. Segundo a entidade, o coronel, desde os tempos de Amin, é um dos principais perseguidores dos praças.
Hoje, é o comandante da maior inquisição já vista na história da Polícia Militar. Entre a tropa, sua reputação era respeitada, por vir de baixo e ser considerado um comandante "operacional". Passado alguns meses e muitas perseguições, o sentimento se invertou. Portanto, as críticas da Aprasc apenas se renovam.
Entre os coronéis, há uma briga velada envolvendo Marlon Teza (Corregedoria), João Luiz Botelho (Casa Militar) e Luiz da Silva Maciel (subcomandante-geral). Todos querem chegar ao topo da hierarquia. A imprensa (aqui e aqui) começou a acordar agora para a situação, e apontar Teza como o favorito de Leonel Pavan (PSDB), o próximo governador. Faz sentido, mas nada de novo.
Réplica
A novidade é o revide da Associação dos Delegados de Polícia de SC que, por muito pouco, lançou dura crítica ao comandante. Chamou sua manifestação no dia 17 de setembro (veja o vídeo editado aqui e aqui), durante a formatura na Trindade, de "descabida" e "rancorosa" e afirmou que o coronel está "incitando" os militares contras os policiais civis. Sobre os civis, seu discurso não foi tão grave assim, mas a nota da Adepol/SC representa mais uma resposta aos ataques do Comando contra a Polícia Civil e a Guarda Municipal. Escrevi sobre isso aqui, aqui e aqui.
O tempo do coronel Eliésio Rodrigues está se esgotando, assim como o do governador LHS. E se ele ainda quiser entrar para história como um bom comandante vai ter que usar seus últimos dias para se reconciliar com a corporação co-irmã e, em especial, com a sua tropa, os praças da Polícia Militar, pois com os coronéis isso ele nunca vai poder fazer.