O segundo comandante geral da Polícia, Paulo de Almeida (na hoto), voltou a falar da actividade desenvolvida pelas empresas de segurança privada. Para ele, as mesmas estão a margem da lei, tudo porque as armas que usam são ilegais.
P-Nas empresas de segurança, o que mais vos preocupa?
Uma empresa de segurança deve ter capacidade para funcionar e deve ter condições estruturais para o fazer. O pessoal para segurança deve ser estritamente seleccionado, não deve ter cadastro. Eles devem ter uma formação, não digo militar, mas uma formação cívica, ética e profissional que lhes permita enquadrarem-se devidamente nos princípios deontológicos da sua actividade. E, por último, temos de definir que tipo de equipamento devem ter os seguranças privados, senão, teremos seguranças equipados da mesma forma que as forças do Estado. Isto é o que queremos rever. Não são medidas fora do comum em Angola, é aquilo que existe na generalidade dos países. Não podemos ter uma segurança privada que use armas de guerra. Não podemos ter uma segurança privada que não respeite o código de estrada.
P-Como é que essas empresas conseguiram as armas?
R-Bom, o país esteve numa situação de anormalidade, esteve numa fase de descontrolo. Onde é que as vão buscar? De elementos que as subtraem aos armários das forças armadas ou da Polícia. Não são as forças armadas que as dão, são os elementos, naquele período em que cada um andava com a sua arma e em que ninguém pedia responsabilidade, se perdesse uma arma, ia-se buscar outra. Sobretudo no período de guerra, altura em que cada um era um soldado.
P-Então, todas essas armas que estão nas empresas de segurança privada são ilícitas?
R-Sim, foram obtidas ilicitamente, portanto, vamos pôr um borrão nisso. O Governo vai retirar essas armas normalmente. Claro que não o faz agora porquê? As empresas de segurança privada ainda desempenham um papel importante na segurança de objectivos e nós, Polícia Nacional, não temos capacidade de fazer a segurança ou a protecção de todo os objectivos. Aliás, nem é a nossa missão específica fazer protecção imediata dos objectivos particulares. Todos nós temos conhecimento da situação criminal, sobretudo, da segurança pública. Estamos a criar condições legislativas, a definir primeiro que tipo de armas estas empresas devem possuir para que elas possam, no futuro, obtê-las e nós retirarmos as armas de guerra. Então, temos de ser inteligentes nesta mudança.
Fonte: Angonoticias