Sexta-feira (9) e sábado (10) foram os dias da posse do novo reitor da UFSC, que vai dirigir uma verdadeira cidade formada por uma comunidade de 41.987 pessoas e um dos maiores orçamentos do Estado. O reitor Alvaro Toubes Prata e Carlos Alberto Justo da Silva (vice) assumem depois de desbancar facilmente Nildo Ouriques, o candidato oposicionista que perdeu pela terceira vez consecutiva. O outro derrotado é Lucio José Botelho, antigo ocupante do cargo.
Por duas vezes Botelho foi vice-reitor de Rodolfo Pinto da Luz, mas não conseguiu sequer ser candidato à reeleição. Dois fatos foram cruciais para manter o ex-reitor distante do consenso dos setores que apostavam na continuidade de um tipo de administração.
Primeiro, foi sua reação diante de um protesto do movimento estudantil que culminou com o trancamento do Conselho Universitário e a intervenção da Polícia Federal. Alguns setores acharam que Botelho foi bastante conivente com os protestantes e pouco rígido, e lento, para punir os estudantes. Outros entenderam que o ex-reitor foi severo demais ao permitir a abertura de inquérito policial e processo administrativo contra o alunado.
Mais tarde, sua administração foi alvo direto, e indireto, de ações do Ministério Público, que destituiu a direção da Fundação de Engenharia (Feesc) por irregularidades, e instalou interventores. Ariovaldo Bolzan, vice de Botelho, havia sido presidente da Feesc e era o braço executivo das fundações na gestão de Botelho.
Subjetivamente, Lucio Botelho não era muito bem visto pelos seus colegas por não ter o perfil de acadêmico. Afinal, nem o título de doutor ele ostenta. Rodolfo Pinto da Luz não era diferente - sempre teve o perfil de político e de administrador. No entanto, Rodolfo sempre teve musculatura política - chegou a ocupar cargos importantes, como ministro interino da Educação e presidente da Andifes. Seu método de ação ficou conhecido pela capacidade de atrair amigos e inimigos, cultivando muitos apadrinhados. Hoje, é secretário da Educação de Florianópolis.
Oriundo da oposição ao próprio Rodolfo, o futuro político de Botelho é incerto. Nos próximos dois anos vai ficar pela Europa concluindo seu doutorado.
Nildo Ouriques também vai para o ostracismo depois de perder para três chapas seguidas (Lucio/Botelho, Botelho/Ariovaldo e Prata/Justo). Sua incapacidade de unir as oposições foi significativa para as derrotas.
A investida de Prata representa ainda uma vitória do Centro Tecnológico (CTC), o maior e mais rico setor da UFSC, que desde Caspar Erich Stemmer (1976) não tinha um representante no cargo.