O chargista Milton Rodrigues Alves ilustrou a entrevista que a revista produziu com os dois líderes. Depois Ideli, no dia de seu aniversário (18/03), presenteou Virgílio com a ilustração.
Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil (clique nas fotografias para ampliá-las)
Em 2002, Ideli foi eleita senadora da República, por Santa Catarina, com 1.054.304 votos (18,81% dos votos válidos), enquanto Lula conquistou 56,5% do eleitorado catarinense. No Amazonas, Virgílio se elegeu com 608.762 votos (29,41%), ao passo que Lula fez 48% dos votos.
Quatro anos depois, Lula recebeu 33% de votos em Santa Catarina e conquistou 78% do eleitorado amazonense. Virgílio, que disputou o cargo de governador do Amazonas, fez 74.900 votos ou 5,5% de votos válidos.
Eis as melhores frases das entrevistas que tem o título de "...E Soa o Gongo no Senado":
Arthur Virgílio
Não sou masoquista, mas me submeti de maneira consciente à pancadaria. Como no boxe, tem a hora em que você precisa apanhar. Em 2002, tive a maior votação da história do Amazonas. Quatro anos depois, enfrentei um fiasco numérico. Um round foi meu. No outro, tive de ir para as cordas.
Eles [PT] fizeram tanta sacanagem na prefeitura de Santo André que desmoralizaram o santo. Daqui a pouco, o santo vai a um terreiro de macumba para recuperar a imagem.
A oposição no Brasil está distante da sociedade. Não tem base sindical ou estudantil. É como se tivéssemos aceitado a idéia estapafúrdia de que a luta sindical é privilégio dos cutistas. Eles eram onças no governo passado e viraram gatinhos angorás no governo Lula.
O PSDB tem experiência de oposição, mas desenvolvemos um certo "não-me-toques", uma arrogância. Nós desfilamos, não caminhamos. Somos a elite intelectual do país. E dentro dessa minoria é que o PSDB, ainda há uma minoria paulista que se acha mais preparada. A gente se perde nessas luvas de pelica e punhos de renda. Prefiro a briga.
Ideli Salvatti
Em Santa Catarina, a PF [Polícia Federal] prendeu o empresário Fernando Marcondes de Matos, um dos mais importantes do Estado. Se me tivessem dito há alguns anos que ele seria preso, eu iria rir.
A oposição está no papel dela, criticando, denunciando. Quando nós fomos oposição, fizemos a mesma coisa. Eu fui oito anos deputada de oposição e era das piores. Não deixava passar uma vírgula. Mas gostaria de ocupar meu tempo de movo mais efetivo.
O que está em jogo é uma disputa de classes. Nós estamos numa guerra de classes. O governo do presidente Lula é um governo que tem lado.
Da mesma forma que não há condições objetivas para um terceiro mandato de Lula, não condições para um golpe. Porque se houvesse... A coceirinha no dedo da rapaziada do lado de lá é grande. É como no boxe: se você não pode dar um golpe direto no queixo, fica fustigando.
